Programa de TV do PSOL: Uma oportunidade perdida,
em meio a um loteamento vergonhoso
Queremos registrar, em primeiro lugar, nossa solidariedade com a nota do companheiro Carlos Gianazzi, na qual registra a exclusão, do programa, dos três deputados estaduais do partido, 02 de SP e 01 do Rio.
Agora, aparecem explicações inaceitáveis: que cada um gravou a sua parte, que não houve um debate global, que se explica pela crise de direção, que cada um tinha um tempo e ali colocava o que queria.
No entanto, a crise e a falta de centralização não lhes impediram de reafirmar a metodologia antidemocrática que vem se aplicando desde o I Congresso: a da exclusão da minoria, a da intolerância com as divergências e que vê a luta por opiniões contrárias como fracionalismo. Reflete assim, mais uma vez, o total desrespeito com que o grupo majoritário vem tratando as forças políticas minoritárias que, com muitas dificuldades, participam da construção do P-SOL em nível nacional.
Perguntamos: com qual critério produziram esse programa? O da representação parlamentar? E porque não estiveram representados os três mandatos estaduais que temos nos principais estados do país? No era por acaso importante denunciar Serra através de nossos dirigentes que o enfrentam no dia a dia? Se o critério não foi esse e, sim, o das correntes, como afirma Milton Temer, porque não estiveram representadas todas as correntes, com seu peso e suas figuras de forma proporcional? Por que não Babá? Por que não Marcelo Freixo? Porque não Tostão? Na verdade, o critério adotado foi o do loteamento do espaço partidário na TV. Mesma política adotada, após o I Congresso, com a Fundação Lauro Campos e seu Conselho, com as secretarias, o fundo partidário, sem nunca realizarem a mínima prestação de contas do que cada um faz no seu “lote”.
Consideramos que, tanto o programa quanto as explicações dadas de maneira informal, são uma nova demonstração da crise do setor majoritário e da sua incapacidade para dirigir o partido. Bloco majoritário que foi conformado no nosso Iº Congresso com o argumento que era “para dar estabilidade ao PSOL” e que, hoje, está submerso em uma profunda crise, cuja razão é a disputa interna de poder, das finanças e do aparelho do partido.
Mas, tão importante quanto isto, são os problemas políticos que refletiu o programa. Sem dúvida, o programa cumpriu com a tarefa de situar o partido na oposição de esquerda ao governo Lula, com denúncias sobre a crise, a dívida, a corrupção. Mas, no marco absolutamente institucional. Em nenhum momento houve, nem sequer, o chamado à mobilização pelo Fora Sarney, nem foram mostradas imagens do partido vivo, panfletando nas ruas, nos atos e mobilizações, que pasmem, companheir@s da direção, acontecem pelo país afora. Para falar sobre a crise, nenhum militante operário do partido. Junto à esperançosa mensagem do "Amanhã será um lindo dia", nada apareceu das lutas de hoje, das ocupações urbanas, greves, da luta de classes, nas quais, intervém, heróica e concretamente, nossa militância de base. Sim, pois, a direção, já há algum tempo, não discute um processo sequer de resistência à crise e aos ataques do governo e dos patrões. Alguns de nossos militantes e dirigentes estiveram, há pouco, na greve da Previdência, enfrentando o governo de Lula. Contudo, nem uma nota sequer no programa. Sim, pois, na concepção de partido "de parlamentares”, de disputa pelo poder pela via eleitoral apenas e de luta institucional, não são relevantes os lutadores e lutadoras da classe que o partido tem, e em boa quantidade. Não se refletiu o PSOL do movimento social. Não se refletiu a situação da gripe suína para denunciar o desmonte da saúde publica operada pelo governo Lula, que nem máscaras distribui nos hospitais e que deveria quebrar a patente do Tamiflu, ao invés de engordar os laboratórios das multinacionais. Não se falou da privatização que está se preparando do filé mignon dos Correios, por sinal, uma das poucas instituições com alguma credibilidade na população. Nem se falou que está se preparando um dia unitário de luta para o 14 de agosto. De tudo isto, nada de nada.
A tentativa de transformar o PSOL em alternativa meramente eleitoral faz da luta, quando referida, meio para fortalecer aos indivíduos com vistas a seu crescimento eleitoral. No RS, onde está se obtendo uma importante vitória contra o governo tucano de Yeda, e estado do qual participaram 03 dirigentes no espaço de TV, por qual razão não se deu espaço para os dirigentes do CPERS (sindicato dos professores estaduais) que são vanguarda junto com o partido da campanha pelo Fora Yeda? Tal concepção, sem dúvida, requer o desconhecimento do convívio com a pluralidade interna e o cerceamento do espaço do partido para as posições "diferentes" daquelas da maioria.
No momento de preparação do II Congresso, esta reflexão é imprescindível para retomar a estratégia com a qual fundamos o PSOL.
Babá – Silvia (Executiva Nacional do PSOL) Corrente Socialista dos Trabalhadores
05/08/09
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