Escrito por Comissão Nacional das Ligas de Camponeses Pobres
No dia 9 de dezembro as 14:00 horas dois coordenadores da LCP/RO foram seqüestrados por pistoleiros na estrada que liga o acampamento Rio Alto a cidade de Buritis. Os coordenadores Elcio Machado (Sabiá) e Gilson Gonçalves foram torturados com requintes de crueldade tendo suas unhas arrancadas e também pedaços de pele do corpo, em seguida ambos foram assassinados. No mesmo dia de manhã outros dois camponeses já haviam sido perseguidos na mesma estrada.
Gilson havia sido entrevistado em 2008, pela delegação da Associação Internacional de Advogados do Povo - IAPL, que realizou uma Missão de investigação sobre os abusos e a violência do Estado e do latifúndio contra os camponeses pobres de Rondônia.
O acampamento Rio Alto está localizado em terras que foram destinadas ao Projeto de Assentamento Rio Alto, mas por conivência dos funcionários do Incra foi grilada pelo latifundiário Dilson Cadalto. Desde o ano passado mais de 45 famílias estão acampadas na área e resistem contra os ataques de bandos armados do latifúndio.
Em julho do ano passado camponeses foram seqüestrados tiveram suas mãos amarradas e sofreram espancamentos. Nesta ocasião a polícia esteve dias antes no acampamento com a desculpa de realizar busca e apreensão de armas, tudo para preparar o terreno para os ataques do latifúndio. Os camponeses reconheceram vários policias que estiveram "trabalhando" junto com pistoleiros da fazenda.
Os policiais não tinham mandado de busca sendo que a ação foi totalmente ilegal e para defender os interesses do latifundiário e grileiro de terras Dilson Cadalto que negociou ao todo mais R$ 1,5 milhão de madeira de planos de manejo falsos com o madeireiro e vice-prefeito de Buritis Correa.
A ouvidora agrária regional Márcia do Nascimento Pereira disse à época que não se importaria se as famílias fossem mortas pelos guaxebas. Denunciamos as autoridades em Porto Velho todos estes absurdos. Mas nada foi feito!
Em reunião realizada no dia 3 de dezembro último no Incra de Porto Velho em que estavam presentes o comandante da PM de Buritis, o Incra, o latifundiário Dilson Cadalto e o Ouvidor Agrário Gercino foi assinada a sentença de morte dos camponeses. No documento Gercino alerta que os camponeses serão punidos por supostas ilegalidades, pede atuação da PM para defender a segurança da propriedade e cinicamente confia que o fazendeiro não fará nada contra as famílias acampadas. O comandante da PM de Buritis, Maj. Antônio Matias de Alcântara ainda lança acusações infundadas e já desmascaradas há muito de que a LCP atua usando táticas de guerrilha, mas esconde que policiais sobre seu comando atuam no adestramento dos bandos armados da fazenda e receberam dinheiro para escoltar a madeira para fora da área.
Nesta mesma reunião participaram 4 pistoleiros da fazenda para identificar o companheiro Sabiá. Manobra antiga que o Incra sempre usou para cumprir seu sujo papel de polícia a serviço do latifúndio.
Mais uma vez Gercino mostra o verdadeiro papel da Ouvidoria Agrária Nacional e de sua Comissão Nacional de Combate a Violência no Campo que é o de criminalizar a justa luta pela terra enquanto trata latifundiários bandidos e assassinos como "senhores de respeito". O assassinato dos coordenadores da LCP é de inteira responsabilidade do Ouvidor Gercino e do Incra de Rondônia.
A Comissão Nacional das Ligas de Camponeses Pobres repudia a covarde atitude do Incra e Ouvidoria Agrária e exige apuração dos fatos e punição de todos responsáveis.
Conclamamos a todos os verdadeiros democratas, apoiadores e simpatizantes da luta camponesa a denunciarem mais este crime contra os camponeses de Rondônia.
Punição ao latifundiário Dilson Cadalto e seus bandos armados!
O povo quer terra, não repressão!
Morte ao latifúndio! Viva a Revolução Agrária!
Comissão Nacional das Ligas de Camponeses Pobres
Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental
Jaru, a 10 de Dezembro de 2009
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